BICHOS
SENDO BICHOS, COM SAÚDE!
“A minha mãe era bióloga, e dizia: - O que mata bichos mata
pessoas. As pessoas esquecem-se de que são bichos.” Adília Lopes
“Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que
os outros.” George Orwell
Humanos, ou melhor, animais humanos esquecem mesmo de que
são bichos ou fingem que não sabem? Ou realmente não sabem?
O que será que faz com que esqueçamos que somos bichos?
Será que a ideia de superioridade por termos atingido um
grau evolutivo diferente faz com que atinjamos extremos quase irreversíveis a
ponto de não percebermos o que realmente importa? Será?
Será que a consciência de que somos bichos criaria um maior
senso de responsabilidade consigo mesmos e com nossos iguais, os outros bichos?
Será? Considerando que pessoas são bichos, e que o que mata bichos mata pessoas,
o que mata pessoas, também pode matar bichos...
Como vai você, ser essencial? Está tudo bem? Eu
espero de verdade que esteja tudo bem por aí.
Nossa! Agora realmente faz muito tempo, não é?
Como eu poderia me justificar? Preguiça, procrastinação, indisciplina e todos
os outros perseguidores que tentam comprometer a vida humana? É, eu até poderia
te contar muita história, ser essencial. Eu poderia te apresentar todos os meus
impeditivos e vulnerabilidades, mas eu prefiro colocar um tom poético na minha
sinceridade.
Eu estava em uma fase de total bloqueio criativo,
se é que podemos dizer que sou criativa em algum ponto, mas, aproveitei esse
tempo para fazer uma espécie de reciclagem interna, estabeleci novas conversas
comigo mesma e fiz o que eu tanto tento trazer por aqui, dei atenção a mim e
aos meus animais. Mas eu devo dizer que em nenhum momento eu te esqueci, Ser
Essencial, muito menos esqueci que nossa última conversa terminou em aberto,
mas eu já te falei, eu gosto de estar bem para conversar com você. Eu acredito
fielmente que quanto mais sincera eu for com você, mais aberto você estará para
pensar junto comigo. Refletir sobre a vida alinhado a falar sobre Saúde Única,
lembra?
Bem, eu gostaria que o contexto atual, apesar de
passado um tempo, estivesse diferente da última conversa, mas, o Brasil
continua enfrentando muitos casos de dengue e lembro que prometi te contar
sobre como o mosquitinho pode afetar também a saúde dos nossos pets, mas quero
fazer isso sem abdicar do meu jeitinho de cumprir essa missão.
É comum que questionem se há a possibilidade de
pets serem acometidos por alguma das doenças transmitidas pelo Aedes aegypti,
como a Dengue ou a Chikungunya e não se sabe se esses questionamentos surgem
por preocupação com a saúde do pet ou pelo risco de uma possível infecção
através do pet, já que o contato e vínculo com eles está cada vez mais
estreito. Apesar de ter citado na nossa última conversa que nenhum dos meios de
informação parecem ser tão efetivos para a propagação de estratégias de
prevenção, eu acredito que nesse aspecto essa preocupação se deve ao fato de
que existem doenças que podem ser passadas de animal para humano, as chamadas
Zoonoses, e infelizmente esse tipo de dado fica marcado na mente das pessoas,
ainda que de forma superficial, a possibilidade de animais transmitirem doenças
é facilmente reconhecida.
A partir daí, na minha perspectiva, como eu citei
no início desse papo, nós humanos somos capazes de atingir extremos, muitos
quase irreversíveis. E com relação aos animais os extremos são, tratá-los como
pequenos seres humanos, ou dispensá-los como “bichos”, naquela interpretação
equivocada da palavra, sabe? Bichos dispensáveis. A primeira faz com que
tutores pensem que os animais são bebês para suprirem suas necessidades
emocionais, então o medo de perdê-los faz com que ignorem suas saúdes ou que se
preocupem demasiadamente sendo superprotetores, e a segunda faz com que tutores
irresponsáveis nem mesmo se preocupem em oferecer o mínimo para manutenção da
saúde do animal. E a perspectiva totalmente ausente, que é a que busco trazer
aqui, é a de que são sim bichos, na interpretação adequada da palavra, bichos
que requerem atenção, com possibilidades de SER a partir da compreensão de suas
necessidades vitais e de suas vulnerabilidades, que em maioria são também semelhantes
às de seres humanos, mas ainda são deixadas em detrimento. E aquele meu
questionamento da última conversa se mantém, porque orientações preventivas
ainda são insuficientes, e ainda não são efetivamente educativas, tanto em
relação a saúde de humanos, quanto de pets?
É por isso que hoje, como Médica Veterinária Preventiva,
eu vim falar da doença que afeta pets, mas sem deixar de lembrar, mais uma vez,
que nossas saúdes estão relacionadas. Somos nós humanos os guardiões dos
animais, lembra?
Bem, vou começar dizendo que o Aedes aegypti é um mosquitinho muito subestimado, mas absurdamente “poderoso”, e no caso dos pets ele é um dos principais vetores da Dirofilariose, mais conhecida como “verme do coração”, pois é leitor, animais são seres vivos, eles têm coração (todas as suas interpretações são válidas aqui, eu acho). A Dirofilariose afeta o sistema circulatório e acomete cães, gatos e humanos, sendo os cães os hospedeiros definitivos do parasita. Apesar de cães serem os animais mais suscetíveis a desenvolverem a doença, PASMEM, ela pode ser evitada obedecendo todas as orientações de prevenção contra a dengue, incluindo evitar focos de água parada e o uso de repelentes que não sejam prejudiciais nem à saúde do pet nem a do tutor. Por se tratar de um verme que pode afetar o coração, a atenção aos protocolos de controle de vermes também é imprescindível, enfatizando que o uso de vermífugos tende a acontecer de forma exagerada por carência de orientações que priorizem de forma sincera a saúde dos animais. Dessa forma, o controle de mosquitos transmissores é a melhor alternativa de prevenção que temos disponível. Internações indesejadas, tratamentos longos, caros e inacessíveis ou até óbito podem ser prevenidos, tanto em relação a Dengue no caso dos humanos ou da Dirofilariose no caso dos pets.
Será que falta muito até um dos meus maiores sonhos
se realizar? Aquele onde as pessoas percebem que trabalhamos juntos e que nossa
saúde está relacionada? (Parece um pouco inocente da minha parte, não é?). Eu
poderia estar ocupando lugares diferentes, mas não tem graça para mim, eu quero
falar com você, leitor do Lagartixa do Amanhã.
Bem, hoje eu vou ficando por aqui, meu leitor Essencial.
Devo confessar que diante dessa demora eu nem sei se o que eu escrevi vai fazer
algum sentido para você, mas nossos encontros precisavam voltar, nossa relação ainda
está em construção e não podia acabar assim tão inesperadamente (risos). Me
falta disciplina, não vou negar, mas quero continuar te encontrando aqui,
porque quero falar de coisas que poucos falam em lugares que não esperam, com
pessoas abertas a todos os universos.
Posso contar com você em breve?
Até mais!
Clara
Aguiar
Médica
Veterinária Preventiva e Holística
Terapeuta
Reiki
Escritora em ascensão no Lagartixa do Amanhã